domingo, 29 de novembro de 2009

Te achei bonito - Xilogravura sobre tecido sintético bordado - 100 cm x 140 cm - Wagner de Miranda - 2007

Aqui.


Rosa Tatuada - Acrílica, areia e resina sobre tela -150 cm x 100 cm - Wagner de Miranda - 2009



O artista se relaciona com o tempo de forma diferente do tempo cotidiano frente ao seu processo criador. O tempo torna-se relativo, porém determinante, redimensionando o fazer artístico. O tempo age como um elemento maturador do processo de elaboração do objeto de arte, acrescentando a ele camadas de entendimento e significados. Isso pode ser sofrido às vezes por não sabermos, dentro desse espaço temporal, onde encontraremos as chaves para a materialização da obra. O tempo é o grande sintetizador do trajeto criativo. Mas ele também é inexorável e mete medo. Passa rápido demais em alguns momentos e em outros se alonga demais. E se as chaves não se revelarem nunca? Isso é a vida?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Díptico azul e vermelho - Acrílica e areia sobre tela - Wagner de Miranda - 2007



"Resíduo" - Gravura em metal - 70 cm x 50 cc - Wagner de Miranda - 2008



Fotografia - Wagner de Miranda - 2009



A Cadeira - Lápis e cêra sobre papel - 100 cm x 70 cm - Wagner de Miranda - 2009


A fragilidade do que origina a obra de arte. Posso chamar de estado pré-criativo? Posso falar assim? Posso. Eu posso falar por mim. Esse estado não é propício à criação, mas é importantíssimo para que ela se dê. Penso que esse encrespamento, como diz Fayga Ostrower, é o momento/ato mesmo da fertilização que gera a obra. Todo cuidado é pouco. Pode ser uma imagem, notícia ou acontecimento. Sempre é forte, sempre é frágil.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Quizás - 100 cm x 150 cm - 2009 - Acrilica e douração sobre tela - Wagner de Miranda - 2009

Dentro

A desorganização caótica necessária e inevitável como ponto de partida para se gerar uma obra. Do Caos à tentativa de organização ou satisfação, mesmo que transitória, existe um trajeto feito de escolhas e
opções. O artista deseja que o objeto de arte se organize. Aqui começo a pensar em fórmulas da Física. O Big Bang, Einstein e teorias quânticas. O universo que se move vasto e tudo que se move de minúsculo dentro de nós. E o caminho que se faz entre o que o olho, a cabeça e o coração não abrangem de tão grande e o que o olho, a cabeça e o coração não abrangem de tão pequeno. Tudo isso dentro de nós.

Fotografia - Wagner de Miranda - 2007


Sonho
O que nos leva a criar e de onde vem a necessidade de materialização dessa idéia/sentimento/sonho? Variadas reflexões de artistas falam sobre a origem de seus atos criadores. A criação está ligada a uma espécie de insatisfação – impossibilidade? - de se chegar a algum resultado na obra que o aproxime demais de sua idéia/sentimento/sonho


Fotografia - Wagner de Miranda - 2007

Se a aproximação da idéia/sentimento/sonho se dá, contraditoriamente, precisamos de outra idéia/sentimento/sonho. Mas essa insatisfação é o moto-contínuo da arte, é o “sonhar sonhos novos”. Shakespeare dizia que nós, todos nós, somos feitos da mesma matéria dos sonhos. Será por isso? Precisamos sonhar sonhos novos, criar, porque assim tocamos em nossa matéria primeva? Será isso?

Detalhe de Pintura em acrílica e colagem sobre tela de juta - Wagner de Miranda - 2001


O processo de criação artística é muito próximo à vida, no sentido em que a criação está sempre em movimento, escolhas são feitas, conflitos criados e apaziguados, materiais descartados e/ou (re)utilizados, experimentações de caminhos. Outras obras se formam e se desconstroem na busca da elaboração do objeto final. Isso cria uma dinâmica viva, pulsante – eu chamo de vida. Mas isso é óbvio. Chamar isso de vida é obvio. É vida indiscutivelmente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009




Serigrafia sobre papel - 2007

O percurso criativo pode ser observado como um encadeamento de gestos criadores, absolutamente interligados. O artista de alguma maneira os combina transformando-os e criando novos significados. Ou seja, o artista é capaz de juntar fragmentos diversos, combiná-los e com essa combinação criar um universo. “Você me abre os seus braços e a gente faz um país”, como diz o super poeta carioca Antônio Cícero.



Detalhes de "Sudário 1" objeto criado em 2006

Diptico Verde - Acrílica e areia sobre tela -200 cm x 100 cm - Wagner de Miranda - 2007








A transformação do desejo em ação. A materialização do que foi sonhado. Esse trajeto por vezes difícil, conturbado, prazeroso, louco, sensível dá origem a algo que antes não existia e que se materializa, passa a existir. O pensamento transformado em ação. Dói mas é bom.




Todas as coisas são metáforas 120 cm x 160 cm - Wagner de Miranda - 2009

O artista fala com ele mesmo. Assim, ele torna-se o primeiro leitor de sua obra. A obra já existe ou começa a existir por si e dialoga com o criador na elaboração de sua criação e, a meu ver, ensaiando a sua independência. O artista é agente e testemunha do ato criador. Nesse ponto a palavra “diálogo” define bem o que acontece com o ato criativo: A obra “pede” coisas e o artista dá, ou tenta dar. Penso sempre em Mary Schelley e no seu Frankenstein: “Uma nova espécie me abençoará como seu criador e sua origem. Muitas criaturas felizes e excelentes deverão sua existência a mim”. Porque pensei isso?


O amarelo sempre me atraiu.

Tríptico amarelo - 100 cm x 300 cm - Wagner de Miranda - 2007

Acrílica e areia sobre tela

Acaso

A vida é assim: cheia de acidentes e acasos, cheia de som e fúria. Um artista que pretende construir um objeto que emane vida recebe o acaso como parte intrínseca de sua criação. A atenção do olhar e da sensibilidade do artista está sempre voltada para o mundo se ele pretende elaborar um objeto para o mundo. Então tudo no mundo é transformado no sentido dessa elaboração. Por outro lado fico encantado com a possibilidade do artista que espera o inesperado. É quase como esperar todos os dias na plataforma de uma estação que um grande amor, que você não conhece ainda, desça do trem das 10:35 e te surpreenda com um beijo. Isso é uma postagem ainda? A frase anterior foi obra do acaso.

Ofélia - 160 x 140cm - Acrílica e douração sobre tela - Wagner de Miranda - 2009

A obra parte do indivíduo e prevê um diálogo com o outro. Claro. Mas não só isso. A obra dialoga com o presente o passado e o futuro, visto que apesar de se originar no indivíduo, esse está inserido num contexto histórico, político e social que, por sua vez, encadeia-se com tudo o veio antes e com tudo o que virá depois. E sempre podemos encontrar referências numa obra de outras que já foram criadas. Além disso, há a continuidade do fazer do próprio artista. Mas isso já é mais individual. Mais íntimo.

Estamparia ( Arquivo Internet)